Byung-Chul Han é um filósofo sul-coreano radicado na Alemanha. Em 2010 publicou o que viria a ser seu ensaio mais famoso e um grande alerta para esse início acelerado de século XXI, Sociedade do Cansaço.
Em tempos de uberização do trabalho e de pirotecnia apontadas para o enriquecimento brutal através da iniciativa individual, o indivíduo está se tornando rapidamente escravo da própria consciência, num processo de “autoviolência” sem tamanho. Se antes vivíamos numa sociedade de controle externo; hoje os mecanismos de controle partem de cabeças colonizadas pelo mercado neoliberal selvagem através de imagens de superação e de sacrifício.
Os paralelos com a realidade latino-americana são inevitáveis. Em tempos de reformas trabalhistas, desemprego elevado e recordes sucessivos nos índices de trabalho informal, mais do que nunca o ensaio do filósofo sul-coreano se mostra necessário e transgressor.
A leitura mostra-se ainda mais necessária quando o documentário Indústria Americana acaba de ser laureado pela academia do Oscar. Buscando revelar uma China economicamente agressiva e que se aproveita de um momento de instabilidade econômica mundial para romper fronteiras nunca antes imaginadas, o documentário mostra a realidade de uma fábrica de vidros chinesa em terras estadunidenses e seus efeitos catastróficos nas relações humanas e de trabalho.